Mas pensando bem, eu aceitaria até um bom dia formal num elevador.
Eu queria encontrar você andando pelas calçadas comerciais de São Paulo, já tão estranho a mim com terno e gravata. Sem aquelas bochechas rosadas e com aquele sorriso, ah aquele sorriso que eu ainda sou apaixonada, reto, alvo, com os caninos levemente saltados.
Eu queria entrar no meu email e ler um "oi". Eu queria ainda ter sua camiseta verde da Irlanda que ficou em casa desde a última vez que você esteve lá.
Mas sabe, eu queria só isso mesmo. Mais nada.
Fico olhando para os homens ao meu redor tentando ver qualquer semelhança, a mais mera lembrança de você nos semblantes alheios.
Mas é incrível como nunca acho nada.
Uma rede social me lembrou que a 5 anos atrás eu trançava sua mecha na cabeça, aquela que você mantinha grande diferente de todo o resto da cabeleira raspada. Eu fazia isso no meio da sala de aula, e rabiscava sua mão de caneta enquanto você dormia com a cabeça na minha mesa, durante uma aula qualquer.
De manhã me lembrei de você reclamando que meu café era ruim, e eu reclamando que seu ronco me deixou dormir bem pouco.
Eu não quero você de novo, porque o que passou revive em minha lembrança todos os dias. Eu queria viver tudo com você de novo, mas só hoje.
***esta crônica faz parte de um conjunto de crônicas que tratam dos mesmos personagens, todas identificadas com o marcador "Janeiro"***
Nenhum comentário:
Postar um comentário