domingo, outubro 26, 2014

Os Novos Politizados

Até onde o extremismo político é saudável?

Visto que atualmente o Brasil passa por um momento extremamente polarizado onde basicamente é a direita contra a esquerda política, o sul/sudeste contra norte/nordeste, e o ódio sendo destilado e fumegando em várias rodas de conversas que sem muito esforço viram discussões passíveis de serem levadas para o lado pessoal, até onde a postura radical e o ponto de vista sem brechas ou flexibilização pode ser saudável para uma população, principalmente uma assim, misturada como a brasileira?

Segundo a psicologia, quando algo se manifesta em um ato de raiva ou violência, pode ser a consequência de uma frustração ou decepção. Há alguns anos acompanhamos noticiários cada vez mais mordazes atacando nossa política e denunciando casos de corrupção cada um mais escandaloso que o outro. Isso, visto pelo cidadão que recentemente subiu de classe e conquistou cada bem adquirido com trabalho e incentivos do governo, soa como uma traição, uma vez que alguns personagens desses casos de corrupção são massacrados pela mídia e reverberam no falatório popular.

Com o aumento dos preços por uma instabilidade inflacionária da economia brasileira em 2014/2015, os pertencentes dessa classe média emergente viu tudo o que foi conquistado no governo Lula e isso o fez entrar em alerta. Sempre sendo manipulado por uma mídia golpista que admite ter apoiado o que foi o maior retrocesso da sociedade brasileira, a Ditadura Militar, esse cidadão explode e se deixa levar por motivos que talvez não sejam seus, mas que o indignam nem se sabe porquê.

Se indigna porque, afinal? Se nos últimos anos ele conseguiu fazer faculdade, celular, carro, internet, computador, eletrodomésticos de alta tecnologia e até casa? E se se indigna, então que seja coerente, já que muitos desses cidadãos indignados só se manifestam por uma parte dos supostos problemas, e uma outra parte, mais regional, nem se quer se incomoda do fato de não ter água ou bom salário aos professores.

Talvez falte um reconhecimento de classe. Talvez o cidadão emergente esteja com uma mentalidade de uma classe a qual não pertence, mas que quem faz parte quer que pense que são todos da mesma classe porque quanto mais gente, mais força. Mas não são, afinal o cidadão que conseguiu comprar um apartamento pelo Minha Casa Minha Vida não está no mesmo núcleo de quem compra uma BMW por ano. E é sempre assim, desde que estejam protestando por uma causa que não diz respeito a classe emergente mas sim a elite, a elite recebe a classe emergente de braços abertos. Mas não tente  frequentar o colégio particular dos seus filhos ou invadir a primeira classe na sua viagem para Miami.

Mas, como todas as farsas, esta também há de cair. Porque não há elite que deseje igualdade, e é só uma questão de tempo para os novos politizados revoltados on-line notarem que não fazem parte desta classe e jamais farão.




Um comentário:

  1. Se as pessoas minimamente tivessem consciência de classe, não passariam por tantos dramas atuais. Porque se dedicariam a serem os anti-Sísifos.

    ResponderExcluir